sexta-feira, 15 de maio de 2009

* NÃO HÁ TEMPESTADE QUE NUNCA PASSE, NEM CALMARIA QUE DURE PARA SEMPRE!

Amigo Ney....

Conforme haviamos falado a respeito, estou enviando uma das histórias de tempestades que vivi no mar. Confesso que não são muitas porque eu sempre primei por fazer um bom monitoramento sôbre as condições meteorológicas justamente para evitar os perigos no mar. Sabe como é, por aqui o máximo que vamos enfrentar são ondas de 4 a 5 metros. Mas, lá fora ( Atlântico Norte), (Oceano Pacífico) a coisa pode ser bem pior... Quem já passou não quer passar de novo, não é mesmo?

Outras mais virão, mas pode ter certeza que essas bravatas significam para mim falta de prudência ou de informação adequada. Não quero com isso menosprezar aos corajosos marinheiros que enfrentaram esse tipo de desafio. Não é isso. Mas, é comum aos pescadores que por necessidade ou falta de recursos tecnológicos, às vezes se deparam com essas situações e aumentam as estatísticas, infelizmente.

Vou relatar pra os leitores do site do Marinheiro uma experiência vivida por mim, meu ajudante, e todos os passageiros a bordo ( no total de 14 pessoas) nas Islas Baleares, exatamente na Ilha de Formentera ( Espanha) ano passado 2008. 

Fomos atingidos em cheio por um fenômeno muito comum aqui em águas do Atlântico Sul chamado também de (Toró que vira barco). São tempestades tropicais que se formam de repente atingem níveis altíssimos de ventos e formações de nuvens, e que duram apenas algumas horas. Esse fenômeno leva muitos marinheiros a levantarem apressadamente e enfrentar condições de mar desfavoráveis até chegar ao seu porto de origem e lá chegando percebem que a tempestade passou. 

Vejam a importância de estar monitorando o tempo frequentemente. Estava um dia lindo, muito sol, mar calmo, enfim. Tudo transcorria normalmente (aparências enganam!). Antes de partirmos da ilha de Ibiza, como de costume verifiquei as condições do tempo (e lá se não fizer isso é melhor nem se aventurar no mar!).

Verifiquei a passagem de ventos muito fortes pela costa francesa, na Europa as distancias são pequenas em relação ao Brasil. Até chegar a Espanha, fez muitos estragos. Com ventos de mais de 50 nós, o que ocasionou a quebra de muitos barcos, inclusive alguns que estavam no porto. Devo confessar que fiz a avaliação do fenômeno e a pedido de meu armador levantamos em direção a Ilha de Formentera, que fica próxima (aproximadamente 40 minutos) de nosso porto.

Só que eu não estava tranqüilo com a situação e fiquei atento as mudanças. No final do dia (o pôr do sol lá no verão ocorre por volta das 20hs30min). Quando todos já estavam a bordo e prontos para retornarmos, o vento chegou. O céu mudou rapidamente, o que causou maior aflição em todos. Foi um corre-corre de barcos. Muitos barcos foram atingidos pelo vendaval em mar aberto! ( existem muitos pontos onde a maior profundidade não passa de 2m. e fundo rochoso!)) Fui obrigado a reavaliar a situação e cheguei a conclusão que era melhor soltar mais amarra de âncora e manter nosso posicionamento, estávamos afastados da praia e protegidos pela ilha. Não deu outra, a corrente estalou, tive que travar o guincho, mas dentro de pouco tempo o vento parou por completo e veio então a maior calmaria. 

De volta ao porto de Ibiza recebi a notícia que vários barcos haviam sofrido muitas avarias tipo, pára-brisa quebrado, móveis deslocados, enfim, toda sorte de danos possíveis! Inclusive um naufrágio!

Moral da história: Nunca deixe de monitorar o tempo mesmo que tudo aparentemente esteja bem. Pois, como diz o título da estória. 

Enviada pelo Marinheiro Particular e Capitão Amador: MARCO ANTÔNIO BRAGA 

E-MAIL: bragacapmarco@gmail.com

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