quinta-feira, 5 de maio de 2005

* MARINHEIRO BRASIL ENTREVISTA 0 CAPITÃO HENRIQUE

Capitão Amador sr.Henrique Antônio da Silva um dos mais experiente Marinheiro Particular do Brasil é entrevistado pelo site MarinheiroBrasil. E conta um pouco de seu trabalho para que sirva de exemplo para atuais e novos Marinheiros Particulares.

“Basta estudar um pouco, planejar bem a viagem, verificar tudo o que é importante, não se esquecer de nada, ver as condições do mar, motor limpo, que não tem erro, essa é a superstição”, afirma o experiente Seu Henrique. 

Marinheiro, experiente, profissional, Henrique Antônio da Silva (61), filho adotivo, pai de uma advogada formada (34) e de uma adotiva (7), ele nos conta toda a sua história, conselhos e experiência de vida desses quase 50 anos de mar viajando pelo globo. Com muita simpatia e atenção, ele respondeu as perguntas do MarinheiroBrasil.com.br e você confere a entrevista que ele nos deu aqui: 

Perfil: 
Henrique Antônio da Silva (Capitão) 
Data de Nascimento: 21/07/1944 - Porto Belo - SC 
Início da carreira: Aos 13 anos. 
Cursos: Ministrados pela MTU no Brasil e na Alemanha, SENAI - Elétrica Pesada e cursando Informática. 

MB: Quando e como foi sua primeira viagem? 

H: Eu cheguei aqui no Iate Clube de Santos como pau-de-arara mesmo e aos treze anos, o Sr. Julio, gerente do Iate me colocou na viagem. A viagem foi em um veleiro para Buenos Aires - Argentina para a realização de uma regata, na embarcação Ventania, um BL Cruzeiro, o famoso bico de proa da época. Foi bom, foram dezoito dias até Buenos Aires lavando prato e ajudando em tudo. Na volta, já estava no convés, içando vela e tudo mais. 

MB: Como era o Iate Clube quando você chegou?

H: Era bem simples, estatuto igual, maneira de funcionar igual também mas cresceu muito, hoje o Iate Clube é uma potência, as organizações mudaram, barcos evoluíram, e uma das coisas que eu me recordo que tenha mudado também e nos deixa saudades foi a urbanização, a alameda tirada, cheio de flamboyant, eles se cruzavam, aquilo era lindo e foi tirado. 

MB: Por que motivo entrou na náutica? Quais foram suas influências?

H: Nasci em Porto Belo, um lugar rodeado de mar, tinha muitos barcos, nascemos a beira da praia, tira rede, põe rede, já nasci com água salgada correndo em minhas veias. Meu avô, Henrique Venâncio da Silva, e meu pai, Antônio Venâncio da Silva, todos pescadores foram os que me despertaram a vontade de sair pelo mar. 

MB: Como você vê o futuro da náutica?

H: Eu vejo o futuro muito promissor, uma coisa que veio com muito progresso e cada vez estará melhor com toda essa tecnologia nas embarcações, podemos esperar muitas evoluções ainda, depende de nós mesmos, de nos atualizarmos com o mundo tecnológico e prova disso foi a minha inscrição em um curso de informática que eu começo agora a partir desse mês. Não podemos ficar sentados esperando o tempo passar. 

MB: Seu Henrique, você tem alguma superstição ao navegar? 

H: Não, basta estudar um pouco, planejar bem a viagem, verificar tudo o que é importante, não se esquecer de nada, ver as condições do mar, motor limpo, que não tem erro, essa é a superstição, verificar tudo antes de navegar. 

MB: Você se sente realizado profissionalmente? 

H: Sim, muito feliz com o que faço, navego até hoje, conseguir estudar e formar minha filha, tenho um lugar onde morar, falando honestamente, está bom demais. 

MB: Qual conselho você daria aos iniciantes?

H: Não corram riscos, eu nunca fiz isso. Risco é a causa das besteiras, e depois da primeira, vem a outra, num efeito dominó. O risco é uma conseqüência da imprudência, e imprudência não combina com sucesso. 

MB: Após várias viagens, Chile, Venezuela, Mediterrâneo, Itália, Portugal, Alemanha, Argentina, nos conte uma experiência.

H: Todo marinheiro tem muitas histórias pra contar, essa foi em 86, sai daqui no dia 26 de janeiro e o mar estava tranqüilo, sem problemas, e ao avistar um barco novo, bonito, bem cuidado, o abordei e vi um garoto de aproximadamente 16, 17 anos. Ele virou-se para mim e disse: "Olha, parou os dois motores, não funcionam", claro que ele estava querendo aplicar um golpe, lhe respondi: "Meu filho, não te ocorre que acabou o óleo diesel? Você está economizando combustível para a embarcação?"... E então ele me disse: "Ah moço, se tu pudesse me levar para Portugal" [risos], eu então chamei a capitania no canal 16 e lhes avisei que tinha um cidadão, sem óleo diesel e eu estava com uma pessoa excepcional a bordo e disse que não iria rebocá-lo, aviso dado, segui meu caminho. No caminho de volta, vindo embora, lá está ele denovo, no mesmo lugar, sem óleo e quando ele me viu, ficou bravíssimo e eu fiz denovo a mesma atitude, liguei para a capitania e dei o mesmo recado, ou seja, ele gostou de ser rebocado usando o combustível dos outros, ele tinha tudo, um isopor com comida a bordo, com tudo, ele já estava pronto para isso, para ser rebocado, essas são umas espertezas do mar, mas que dessa vez, não deu certo. [risos] 

MB: Obrigado pela entrevista, e para finalizar, deixe uma mensagem para o público do MarinheiroBrasil.com.br.

H: Agradeço tudo ao mestre Vicente Dellucia, meu primeiro encarregado, o homem que me ensinou tudo o que eu sei até hoje sobre navegação e muita sorte e sucesso para o portal. 


Fonte: Marinheiro Brasil

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