sábado, 4 de outubro de 2008

* A MAIS SUJA E FEDORENTA AVENTURA EM UM VELEIRO

A mais suja e fedorenta aventura que qualquer tripulante poderia ter vivido

Vou contar aqui uma história passada no mar, lembrei-me da mais suja e fedorenta aventura que qualquer tripulante poderia ter vivido (ou sofrido).

Vou deixar de colocar os nomes, pois nem me atrevi a perguntar aos colegas de infortúnio se eles se importariam em ver divulgada esta história suja e fedorenta.

Tudo começou com o clássico: “Vamos à Ilhabela buscar um veleiro?”

Bem, se ainda não notaram, sou Gaúcho (não aquele que o pessoal do Casseta e Planeta falam mal dele e da sua honra. Sou do outro tipo, o macho.), então um convite destes é sempre muito bem vindo.

Malas feitas, rota pré-estabelecida na casa do Capitão (saboreando um churrasco), embarque, descida em Sampa, viagem à São Sebastião em uma Kombi alugada, pra poder acomodar todas as tralhas e chegamos.

Fomos muito bem recebidos... 

Pelos borrachudos...
Vieram todos!

Eram quatro gaúchos pulando pela praia do Iate Clube Pindá, dançando a chula, e todas as outras trinta e tantas danças folclóricas que ensinam prá gente na escola quando pequenininhos. (Voltaram todas à lembrança quando os borrachudos se puseram a picar...)

O repelente apenas desencorajava um pouco os bichinhos, pois logo em seguida tratavam de achar um lugarzinho para nos picar...
Lá no veleiro, que estava na poita, ainda não entendi porque, mas lá não tinha mosquito.
Menos mal...

Iniciamos o inventário da embarcação e nos deparamos com um banheiro com uma bomba de descarga manual inglesa do tipo a vácuo, totalmente sem pressão. Diagnostiquei ser o diafragma. Desmontei o painel na parede, pois este tipo de bomba manual fica acima da linha dágua e logo vi que o diafragma estava todo ressecado devido a ação da água do mar.

Como havia um prestador de serviços contratado pelo vendedor para nos apoiar, solicitei à ele que tentasse achar pelo menos umas câmeras de pneu de caminhão que pudéssemos cortar no formato e improvisar até chegar ao destino e reformar o sistema.

Dito e feito, logo voltou o solícito rapaz com dois pedaços grandes o suficiente para fazer o reparo duplo.

Recortei e refiz a furação da flange e logo estava no lugar.

O Capitão apressou-se a testar o reparo e o aprovou.

Outros detalhes nos tomaram o dia, e pela tarde, enquanto os outros dois colegas faziam as compras para a viagem, resolvemos passear por Ilhabela e fomos até a vila.

Ao voltarmos do passeio os outros dois já haviam chegado e estavam a guardar os mantimentos da travessia.

Foi quando um deles me falou que o banheiro não havia ficado bom...
Ué! (Expressão gaudéria que significa “Uai” ou “ô loko meu...”)
Fui até o banheiro e experimentei a alavanca da bomba: DURA
Não ia nem vinha.
Ué???!!!

O Capitão veio olhar e estranhou porque quando testou, afirmou, havia funcionado muito bem e agora estava dura, emperrada...
Não me dei por vencido e tentei com um pouco mais de força...
Nada...
Pensei: Vou desmontar esta merda...

E comecei a desaparafusar os quatro parafusos da janela de inspeção do painel lateral do banheiro quando olhei para dentro da parede e comecei a ver alguma coisa tipo um balão, uma bola, estranhei e comecei a ouvir um barulho e quando eu me dei conta do que era eu gritei pro Capitão, que estava por cima do meu ombro, muito curioso: SAI, SAI, SAI... VAI EXPLO...

BLUM!!!!!

Meu amigo....

Eu consegui salvar a vida do meu Capitão (fui até condecorado numa singela homenagem a bordo depois do incidente) mas eu fui atingido pela metade...

Ou seja...

Numa linha iniciando da orelha para trás, na minha lateral direita, incluindo ombro, braço, tronco, pernas e pés, tudo foi atingido por uma bomba de Merda....
Na parede oposta do banheiro ficou a minha silhueta...
Do jeito que eu saí, correndo e berrando (elegantemente como qualquer Gaúcho naquela situação), subi no cockpit, no púlpito de popa e mergulhei no mar limpinho de IlhaBela deixando um rastro tipo de um polvo durante a escapada....
Você deve estar rindo muito do meu infortúnio e dizendo: viu? Foi improvisar e se deu mal...

Não meu caro leitor, não mesmo...

Acontece que o meu prezado amiguinho responsável pelo entupimento do vaso sanitário havia ingerido uma medicação chamada Xenical, que dentre os seus efeitos, um deles era uma superprodução de COCÔ.

Ou seja, ele havia dado uma hiper-super-muito grande no vaso antes de tentar acioná-lo e provocar um super entupimento.
Ao bombear, o reparo acumulou todo o produto e tornou-se um grande balão, que ao ser liberado explodiu.

Mais tarde, durante a viagem pude ver o tamanho da coisa que o “medicamento” produzia, pois confundi o produto com um monstro ou uma serpente marinha que estaria prestes a engolir o meu amigo....

Espero que você tenha se divertido bastante as minhas custas.

Abração a todos navegadores.

Alfredo Félix Ravanello
Mestre Amador

E-mail: afravanello@ig.com.br

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